Infância, onde o verbo “Chupar” e “Dar” não tinham malicia.
Onde meninos odiavam meninas e vice versa. Brincávamos de pique- esconde e
torcia para seu melhor amigo bater o “Trinta
e Um Salva Todos”.
Sentíamos ricos quando ganhava um real. Dormíamos no sofá e
acordávamos na cama. Um joelho ralado curava apenas assoprando. O mundo
desabava quando a figurinha era repetida e dava vontade de devolver aquele
chiclete horrível.
Daí quando crescemos a maioria das coisas que amávamos perde a graça.
Percebemos que o nosso companheiro das noites de pesadelos era apenas um tecido
colorido com enchimento de poliéster e olhos de botões. Dormimos no sofá e
acordamos no sofá. Descobrimos que meninos beijam meninas e que um real não
vale nada.
Descobrimos que não podemos ser astronautas, nem pilotos de avião.
Descobrimos que não existe Fada do
Dente, nem Papai Noel e graças a Deus, também não existe a Cuca nem o Bicho
Papão.
Descobrimos que nossos amigos irão nos magoar de vez
em quando, outros pensamos que são
amigos, e não são. Assim sobra pouca coisa para amarmos. E hoje, na minha
idade, amo uma ou duas coisas...
Então descobrimos que o experimentar é desenganar-se, e a
fantasia que alimentamos durante uma vida toda acaba como que por encanto...
Simplesmente acaba...