quinta-feira, 13 de março de 2014

Infância revelada



Infância, onde o verbo “Chupar” e “Dar” não tinham malicia. Onde meninos odiavam meninas e vice versa. Brincávamos de pique- esconde e torcia para seu melhor amigo bater o “Trinta e Um Salva Todos”.

Sentíamos ricos quando ganhava um real. Dormíamos no sofá e acordávamos na cama. Um joelho ralado curava apenas assoprando. O mundo desabava quando a figurinha era repetida e dava vontade de devolver aquele chiclete horrível.

Daí quando crescemos a  maioria das coisas que amávamos perde a graça. Percebemos que o nosso companheiro das noites de pesadelos era apenas um tecido colorido com enchimento de poliéster e olhos de botões. Dormimos no sofá e acordamos no sofá. Descobrimos que meninos beijam meninas e que um real não vale nada. 

Descobrimos que não podemos ser astronautas, nem pilotos de avião. Descobrimos que não existe  Fada do Dente, nem Papai Noel e graças a Deus, também não existe a Cuca nem o Bicho Papão.

Descobrimos que nossos amigos irão nos magoar de vez em quando, outros  pensamos que são amigos, e não são. Assim sobra pouca coisa para amarmos. E hoje, na minha idade, amo uma ou duas coisas...

Então descobrimos que o experimentar é desenganar-se, e a fantasia que alimentamos durante uma vida toda acaba como que por encanto...

Simplesmente acaba...