Usava uma camisa azul desbotada e uma calça jeans cortado na altura dos joelhos improvisando uma bermuda desgastada.
Vinha subindo a Ladeira Mariana, tentando proteger o rosto do sol escaldante.
No rosto trazia um ar de decepção, nos olhos um azedo do desgosto e frustração.
Nos fundos dos olhos não existia ambições nem sonhos. Simplesmente vivia um dia de cada vez.
Parou sob uma árvore para tomar folego e retomou sua subida torturante.
Parou novamente. Agora contemplava um restaurante, o cheiro da comida encheu lhe a boca de água.
La dentro famílias bem vestida saboreavam uma das melhores comidas da cidade. Entre tantos afetos e alegrias ignoravam o menino que os observava, salivante.
Cabisbaixo, entrou no restaurante, todos desviaram os olhares dos pratos recheados, observando o menino de rua aproximar do balcão, no fundo do salão.
Envergonhado, o menino sussurou:
- Me da um pedacinho de bolo...
O homem revidou:
- Você não gostaria de um prato de comida?
- Não, moço. Só um pedacinho de bolo.
- Você parece faminto, porque só um pedacinho de bolo?
- Porque hoje é meu aniversario.
O menino apanhou a fatia de bolo, agradeceu, e saiu feliz da vida.