domingo, 24 de fevereiro de 2013

Meu amor, você não tem preço.




Nada, na verdade substituirá um amor perdido. Nada vale o tesouro de tantas recordações. Não se reconstrói esse amor.

Assim é a vida. Trabalhei somente para a plena satisfação material. Construí a minha prisão, dei a mim mesmo a amarga sentença.  Encerrei lá dentro, solitário, com o meu tesouro que não é páreo para comprar nada que valha a pena viver.

Então quando percebo, já não existem mais flores no meu jardim. A brisa gelada soa como um cortejo fúnebre e as aves apregoam sons de blasfêmia, como os que não creem em Deus.
Meu perfume tem cheiro da morte e o manjar sabor de fel. Sou prisioneiro da minha mente e escravo dos meus desejos. Sou saciado por melancolia e cólera. Estou viciado em dor, e por mais que me consome nunca estarei farto.

Meu coração está árido e minha cisterna está seca. Roubaram meu rosto, deletaram minha história e feriram minha alma. O silêncio me estoura os tímpanos e o medo sacude o corpo.

Se procurar nas minhas lembranças uma que deixou um gosto durável, se faço o balanço das horas que valeram a pena, certamente só encontrarei aquelas que nenhuma fortuna do mundo me teria presenteado. Não se compra um amor.

Esta nova face do mundo depois desta etapa difícil, estas arvores, estas flores, você, este sorriso colorido pela vida, este mundo onde só habitam nós dois, o dinheiro não compra.
Se eu buscar nos tesouros da sabedoria que o tempo produziu, encontrarei uma regra de ouro para o bem viver: O amor. 

Se eu vasculhar nos escritos de todos os povos, verei que em todos eles o amor desempenhou o mais sábios de todos os sentimentos que o homem pôde cultivar. Um amor sincero o qual nenhuma razão humana pode compreendê-lo. O amor não tem preço.

Jonatas Amaral


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

História pra boi dormir.


A renuncia do Papa Bento XVI pegou seus fiéis de surpresa. O motivo de tal castidade é sua debilitação física e o marca-passo que utiliza há alguns meses. Já que a Igreja Católica é um poço de segredos não saberemos o verdadeiro motivo de sua abdicação.

Sabemos que o Vaticano não vive só da emblemática religião e turismo, também é uma nação, um centro de negócios que movimenta bilhões de euros, corroído por escândalos, compra de políticos e corrupções de empresários e banqueiros. Vem desde João Paulo II encobrindo casos de pedofilia praticados por padres e cardeais.

Em todo caso será mais uma mancha na Igreja de São Pedro, onde papas, cardeais e bispos insistirão em dizer que faz parte da decoração, trancados em um baú de ouro construído com as indulgências dos seus devotados.

Trancado a sete chaves junto aos casos da Papisa Joana, Santa inquisição e outras aberrações abomináveis.

A única verdade é que quanto mais se analisa, mais obscuro fica essa história mal contada que levou a primeira resigna em seiscentos anos.

Vamos ver no que isso vai dar.

 

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Prefiro desconfiar...



Será que estamos realmente preparados para receber o maior evento esportivo do mundo em 2014?
Aldo Rebelo diz que sim. Presidenta Dilma diz que sim. José Maria, presidente da CBF diz que sim. Joseph S. Blatter, presidente da FIFA diz que sim.

E é isso que me dá medo:

O presidente da Alemanha disse que aquele cara esquisito seria no máximo chefe dos telégrafos, meses depois Hitler tornaria chanceler e, no ano seguinte ditador.

Albert Einstein foi expulso da escola, devido sua deficiencia intelectual, anos depois criou a teoria da relatividade.

Um xarope criado pelo farmacêutico John S. Pemberton e não vendo futuro para a fórmula, vendeu para Asa Griggs Candler. Hoje o logo Coca-Cola não tem preço, devido sua publicidade e o fato de ser conhecida em todo mundo, vale mais que todo o patrimônio físico da empresa.

Uma gravadora dispensou os Beatles, dizendo que não tinham futuro, no mesmo ano os Beatles estouraram. Suas músicas fazem sucesso até hoje.

Gary Cooper dispensou o convite para um filme. Clark Gable, que subistituiu Cooper, é aclamado até hoje no maior sucesso do cinema em "E o vento levou".

Alguste Lumiere, criador do cinema, disse que sua invenção não tinha futuro comercial.

Então, prefiro desconfiar de todos os palpites. Já perdemos o jeito de jogar futebol, vai que não lembramos como se faz uma copa do mundo também.

Estamos no Brasil, o país mais corrupto das Américas, todo mundo vai querer roubar um "pouquinho" e acaba não sobrando dinheiro para construções e reformas dos estádios.

Um pé atrás não faz mal a ninguém.




Jonatas Amaral



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Meus oito anos


Estou olhando atentamente para minha imagem no espelho e não vejo mais aquela criança que tinha medo de trovoadas ou de mulher de branco, não sinto mais aquela vontade de ter barba grande e voz grossa, autoritária, como a do meu pai.

Os meus olhos já não transparecem a vontade de ser um astronauta, médico, escritor, ter uma mansão, morar no Japão e ter uma Ferrari.

Eu gostava de ser uma criança engraçada. Mentira. Isso foi apenas uma tática para esconder o menino tímido e assustado. Ver as pessoas sorrindo me fazia sentir mais a vontade e ao mesmo tempo, o centro das atrações. Mas para outros era tudo macaquice e falta de massa cinzenta.

Era mágico ser criança. Os adultos diziam que criança não tinha preocupação, mas eu era muito preocupado, principalmente quando observava o sofrimento das formigas e resolvia colocar farelo de pão próximo de suas casinhas para facilitar um pouco a vida delas, entretanto elas ignoravam a minha boa ação, talvez elas pensavam que era uma armadilha. Sei lá.

Brincar de bolinhas de gude no corredor ou acabar de assistir um filme e achar que tinha os mesmos poderes dos Jaspion. E nem se fala dos filmes que viravam histórias longas e cheias de aventura, era só assistir um filme diferente que eu e meus irmãos formávamos uma roda em cima da cama, porque lá vinha diversão. Era uma pena quando tinha que parar para almoçar. Comia calado. O pensamento longe, imaginando como aquela história acabaria.

A noite, já na cama, escutava a mãe ir até a sala e abrir minha mochila escolar, o som das páginas sendo vistoriadas dava calafrios, não porque era ruim estudar, mas ao invés de fazer tarefa, preferia brincar, e eu sabia que tinha coisa sem fazer. Escutava o suspiro desaprovador vindo da sala, então cobria a cabeça e fingia dormir e acabava dormindo de verdade.

Outras noites, graças à luz do banheiro que ficava acesa, era impossível ficar quieto, então era hora de brincava de “stop” com os meus irmãos, ou um escrevia no ar e outro tinha que adivinhar, e contávamos histórias do cebolinha, na verdade inventava, e quando a mãe gritava tinha que virar para o canto e cair no sono.     

O pesadelo era nos invernos. Tudo parecia ser triste. Dava preguiça até de brincar e para piorar dava uma tosse danada e o nariz escorria parecendo uma cachoeira. Mas a vontade de morrer vinha quando, além de tomar o chá de Guaco, tinha que ir roubar de um pé que ficava na rua de trás. A salvação da pátria nesses dias frios era o rádio, tocava CD e fita K7, escutei até decorar as histórias da baratinha, formiguinha, 40 ladrões... Mas o que nos divertia era o programa do Chupim, era a maior diversão do mundo.

E agora olhando nesse espelho me assusto com essa cara séria, esse jeito de ser gente grande. Esquisito. A espuma de barbear escorrendo pelo rosto. Solto um sorriso para mim mesmo. Estou satisfeito.

Não sou médico, nem astronauta, não tenho mansão, não saí do Brasil e ando de ônibus, mas tenho uma boa mãe, um bom pai, irmãos, amigos, uma bela esposa, um cachorro e muitas histórias para contar.

Jonatas Amaral

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Galinhas me mordam


Chegando à entrada do condomínio onde moro, me deparei com dois homens de uniforme laranja, botas pretas, vassouras, uma pá, um carrinho de mão e alguns cones. Eram os famosos cenourinhas, garis, varredores. Você escolhe o nome.

O que me chamou atenção foi o fato deles estarem fumando tranquilamente a sombra do muro. Acenei com a cabeça em cumprimento e eles me retribuíram com o mesmo gesto.

Uma hora mais tarde, indo a padaria, alguns metros da portaria avistei a dupla sentada como se tivessem nada pra fazer.

Pra mim foi o fim da picada. Se eles acenassem pra mim outra vez eu mandariam tomar no repolho (ué, mudou de nome?).

Na padaria pedi quatro pães.

Um e sessenta, disse a balconista coçando o sovaco.

Galinhas me mordam, por que elas já devem ter dentes. Quarenta centavos um pão?

Não.

Não.

Vou passar no zoo no final de semana, pra ver a banana comer o macaco.

Mas me ocorreu como por epifania: estava me torturando por pouca coisa.

Sim.

Sim.

Pouca coisa.

Era pra ser entregue em 2012 a obra da transposição do Rio São Francisco iniciada em 2007. Um empreendimento orçado em R$ 8.000.000.000,00 (oito bilhões de reais) para levar água aos 12 milhões de nordestino. Que segundo dados do Ministério da Integração (existe sim, um ministro da integração e muitos outros que ainda não sabemos) foram concluídos apenas 43% das obras em cinco anos. CINCO ANOS. Quem passa por lá deslumbra o verdadeiro descaso de um canteiro de obras bilionário completamente abandonado. E devido à falta de manutenção dos trechos concluídos, devem ser refeitos novamente. Do zero. Do nada.

Deixe-me ser mais claro:

A Mega-Sena da Virada de 2012 para 2013 sorteou o maior premio das loterias brasileiras, um valor histórico de R$ 230.000.000,00 (duzentos e trinta milhões de reais) com esse premio, o contemplado, poderia comprar uma frota de 9.200 carros populares de R$ 25.000,00 cada, 1.533 casas no valor de R$ 150.000,00 cada, 09 jatos executivos, ou se aplicasse na poupança renderia um valor de R$ 1.150.000,00 (1,15 milhões de reis POR MÊS).

Agora imagine se o premio fosse R$ 500.000.000,00 (quinhentos milhões)

E se dobrarmos esse valor teremos apenas 01 bilhão. Precisamos multiplicar por oito para chegar ao valor da Transposição do Rio São Francisco.

Você entendeu o rombo que ficou nos cofres públicos para nossos irmãos continuarem com sede?

E o curta-metragem que virou “longa-quilometragem” da Rodovia BR-230, a Transamazônica inaugurada em 27 de agosto de 1972 pelo presidente Emílio Garrastaza Médici (sim, tivemos esse presidente). Objetivo: ligar nada a coisa nenhuma.

Bom, deveria ser importante, porque gastar R$ 2.500.000.000,00 (dois bilhões e meio de reais) em terraplanagem e asfalto.

Muitos nordestinos foram em busca da riqueza prometida em campanha política da presidência, (governadores e outros políticos que usavam o pretexto para receber votos) deixando sua história e seu povo para trás.

E como o Brasil estava engatinhando para a Era do Saneamento, muitos ali morreram de cólera e malária. Hoje o grande empreendimento da terceira maior rodovia do país é uma cicatriz no imenso vazio demográfico que completou 40 anos em 2012. Claro que formada por buracos e lama.

Se jogaram tanto dinheiro pelo ralo e tudo se assemelhou normal.

E pareceu justo.

E pareceu eficaz.

Dois funcionários da prefeitura não incomodaria ninguém. (Exceto a mim).

Contei as moedas e paguei os pães.

Eu realmente estava embravecido. Mas tinha me esquecido que estou no Brasil. Onde se paga tanto e não se tem nada.

E para ver esse povo feliz, não precisa de infraestrutura, nem saúde, transporte, segurança, educação ou lazer.

Basta não faltar futebol e carnaval. Mantendo esses dois entretenimentos está garantido a reeleição da nossa presidenta.

Na volta passei pelos garis e acenei com a cabeça:

Boa tarde!